13 de janeiro de 2012

Carta sobre gostar

Um dia ela decidiu: não vou mais gostar de ninguém! (gostar naquele sentido, sabe? Paixão, amor, affair e afins.)
E isto ela decidiu porque já não dava certo a forma que ela sempre gostava de alguém. Gostava sem ser gostada. O gostar dela era sempre cheio de expectativas. E quando maiores as expectativas, maiores as chances de frustrações.
Decidiu não mais gostar porque queria que seu coração esquecesse aquela paixão distante e ficasse limpo, sóbrio e calmo para um dia, dali a muito tempo, poder gostar novamente.
Dois meses sem gostar.
Até que ela gostou de alguém, sem querer.
Por mais que ela não quisesse, o seu maior desejo era gostar e ser gostada na mesma proporção. Com a mesma sinceridade. Com lealdade. Com tudo o que há de bom num gostar compartilhado.
Se jogou neste gostar. Um gostar que vinha de longe, um estrangeiro, que só de pensar acelerava o coração. E ele não tinha nada de muito diferente, tinha somente aquela coisa, entende? Aquela coisa que a gente não consegue explicar, é coisa de encontro, de alma, de toque, de sentir...
Ela resolveu acreditar novamente no gostar. Afinal, pra que fechar o coração?
E neste jogo de gostar de alguém de quem não se tem a certeza da reciprocidade, somente a certeza da incerteza, ela esqueceu que jogo tem um perdedor. Gostar não pode ser e não é um jogo.
Ela foi um brinquedo. Uma peça de um jogo. Ela foi aquela que sobrou depois de tudo. Pedaços.
Pedaços de meias-verdades.
Pedaços despedaçados.
Mas ela sabe que tem coisas que só acontecem com aquelas que acreditam no outro, na possibilidade da entrega sincera e de um gostar sem usar.
Ele, que a fez gostar, quer curtir, não quer gostar.
Ele não tem planos com ela.
Ele foi um engano. Um erro.
Mas ela sabe que com os erros há aprendizagem.
Ela sabe que, apesar das lágrimas e da perda,  o dia de amanhã é incerto e o destino se encarrega de unir e separar as pessoas.
E pra quem tem pureza no coração há algo muito bom reservado no infinito da existência.
Afinal, ela acredita no mecanismo do infinito, "fazendo com que tudo aconteça na hora exata".

E, mais uma vez ela decidiu: não vou mais gostar de ninguém! (gostar naquele sentido, sabe? Paixão, amor, affair e afins)

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