7 de setembro de 2011

Ironias do Destino: História de um quase amor

Era uma uma festa como todas as outras, se não fosse a primeira tragada no cigarro, o porre e aquele cara. Seria um cara normal, como todos os outros até então, se não fosse o olhar cruzado e frase dita: 'eu te conheço de algum lugar!'
Para ela, um desconhecido... para ele, alguém de outra vida.
Com palavras e atitudes, ele a conquistou. Como num conto de fadas, ela foi conquistada.
Ele sabia das palavras certas, das coisas certas, das piadas certas. Ele sabia como agradar uma mulher.
Ela simples, frágil, de peito aberto e coração em chamas, apaixonou-se. Envolveu-se. Não da mesma forma que ele. 
O fogo e o sexo eram os melhores, juntavam aqueles corpos que queimavam em desejo. Ela entregava-se por inteiro. Mas ele, ela não sabia.
Dela, faltou as perguntas, os questionamentos, os esclarecimentos. E sobrou a confiança, o envolvimento e todas aquelas coisas de menina apaixonada. 
Dele, não se sabe o que faltou ou o que sobrou. Dele, não se sabe quase nada. Dele, não se sabe o que foi verdadeiro, o que foi sentido, o que foi tocado.
Ela acreditou que aquilo que vivia ia para além do explicável, que era coisa de outra vida, que tinha encontrado a pessoa com quem sempre sonhou, que tudo o que já tinha ouvido sobre as paixões eram exatamente o que estava sentindo.
Quando ela recebeu aquele e-mail:  'preciso dos teus beijos e do teu abraço com urgência', era como se naquele momento o mundo era apenas os dois e que os minutos insistiam em demorar a passar para que pudessem compartilhar daqueles beijos e abraços pelos quais ele tanto esperava.
As mensagens de saudade, os carinhos, os silêncios, as risadas.
O  bilhete que ela colou no espelho do quarto dele com o verso da música do Nenhum de Nós que marcava o momento e lembrava do show que assistiram juntos:
"Quando te vejo espero teu beijo,
Não sinto vergonha, apenas desejo."
A necessidade de viver o momento, pois ele não cansava de lembrá-la que 'nada é para sempre'. E ela ainda acreditava no 'para sempre' e queria vivê-lo intensamente, já que "o para sempre, sempre acaba".
Para o aniversário dele, um cd com as músicas preferidas, as mais lindas e especiais, que fizeram parte do repertório dos passeios e dias seguintes.
O aniversário que ficou marcado pelas lágrimas e pelas palavras que dele ela ouviu: 'você tem sido muito importante para mim!'
Ela já imaginava o futuro, os dias e meses seguintes, uma vida ao lado daquele que despertou a paixão e os sentimentos mais verdadeiros.
Era tão bom e tão intenso para tão pouco tempo.
Um mês. Outubro.
O exato tempo para se entregar a alguém.
Mais do que um mês, 33 dias. Como no filme Ironias do Amor, assistido na última noite juntos.    Quando ele já não estava junto dela. As ironias do destino e dos 33 dias felizes que viveram. Que viveram? Ou ela viveu?
A partir do 34º dia são apenas dúvidas e incertezas.
Como pode ele decidir sair da vida dela de um dia para o outro? Sem dar nenhum sinal prévio? Deixando um coração despedaçado? 
A música preferida dele parecia expressar toda sua mudança, toda sua retirada, toda sua frieza no mês de novembro.
"Cause nothing lasts forever
And we both know hearts can change
And it's hard to hold a candle
In the cold november rain"


Para ela, é o fim da sua maior paixão. De um quase amor. De uma companhia perfeita.
Para ele, ninguém vai saber. 
Alguém saberia dizer o que houve com ele? Onde ele está? Com quem ele está?
Ele preferiu se afastar totalmente dela... não dando chances para conversas... banindo qualquer tipo de aproximação.
Ela preferiu sofrer sozinha... passar meses e meses chorando e lembrando dele... se entregar à relações erradas e passageiras... buscar alívio onde ela só achava mais sofrimento... fechar seu coração e abrir apenas seu corpo. Ela não o procurou. Ela fez tudo errado. 
Ou talvez tudo certo... afinal, mendigar o sentimento e o amor de alguém nunca fez parte de suas atitudes.
O que ela mais queria era uma última conversa, um último beijo, uma última resposta... ou nada que fosse último. Queria um recomeço, uma chance... qualquer coisa que viesse dele. Menos um adeus.
O tempo passava e parecia que a dor daquele quase amor nunca se curaria. 
Ela resolveu ir embora, mudar de ares, arriscar, recomeçar... em outro lugar, longe daquela pequena cidade.
E antes dela ir, as ironias do destino aparecem... ela verifica um e-mail antigo, não acessado a mais de dois meses, vê uma mensagem dele, daquele mesmo dia. Ela respondeu e houve um encontro.
O encontro para uma conversa, para ele pedir desculpas e tentar explicar o que aconteceu, para ela tentar entender as explicações, para terminarem na mesma cama, para acabar com o sofrimento.
Pronto. Ela podia partir para terras distante. Em paz com seu coração. Com algumas poucas respostas, com muitas outras dúvidas, mas com uma sensação de que tudo tinha se resolvido. E que ele continuava sendo o homem dos sonhos, a pessoa que se ela pudesse, escolheria para passar sua vida ao lado. Tudo e nada tinha mudado.
Mais um reencontro antes da partida. Uma noite fria, mas com muito calor entre os dois. Falaram sobre tudo, menos sobre sentimentos e sobre o passado. Apenas sobre o futuro dela em um lugar distante.
Parecia o fim.
Ela estava lá, longe. 
Viveu a sua melhor e mais intensa experiência de vida até então. Se apaixonou por lugares e por pessoas. Ele não tinha mais espaço em seus pensamentos. 
Quando era hora de voltar, por ironia do destino e por circunstâncias foras do planejado, quem se dispôs à buscá-la no aeroporto foi ele. 
Para ela, ir embora do lugar que a fez tão feliz era motivo de tristeza, mas chegar à sua terra sabendo que quem estaria à esperando era ele só a deixava feliz. A primeira pessoa a encontrá-la. O primeiro 'bem-vinda', a primeira noite, o recomeçar... ele estaria presente no seu recomeçar.
Coração saltitando, palavras engasgadas... o cansaço físico de uma longa viagem que fez-se desaparecer com a expectativa daquele reencontro. E lá estava ele, visivelmente ansioso e sem saber como ela estaria, como ela voltaria, como seria.
O abraço, o beijo, as histórias contadas por ela, o jantar, o vinho, a cama, o aconchego, o bom dia, o almoço, a companhia. Tudo... menos falar sobre sentimentos, sobre o futuro deles,  sobre eles. Novamente, se repetia.
O mais bonito que ela ouviu: 'foi bom te ver!'
Para ela, ele era o cara. 
Ele continuaria sendo para sempre o escolhido.
Para sempre, o homem dos seus sonhos.
Ele parecia o mesmo daquele mês de outubro, onde tudo parecia perfeito (mas não era).
E ela, o que era para ele?
E agora, como seria conviver com este reencontro marcado na memória? Um reencontro tão especial para ela, mas que não tinha deixado nenhuma expectativa ou possibilidade para um próximo?
Esperar o destino agir com suas ironias?
O segundo outubro depois daquele se aproxima... e as lembranças vem à tona. E elas já não podem mais causar sofrimento. É hora de deixar de lado tudo aquilo que não lhe faz bem. É hora de recomeçar. De florir, como a primavera.

Ontem, ela pensou nele.
Hoje, ela decidiu esquecê-lo.
Amanhã, ela não sabe.

Para ela, eu diria:
Nem a vida nem o mundo param para que você se recomponha.
Você precisa aprender a curar suas feridas sem que, com isso, deixe de viver.
Há um mundo à frente dos seus olhos.
Há um mundo à frente dos seus pés e suas mãos.
Há pessoas esperando por você.

Vá.
E deixe que o destino se encarregue, com suas ironias, de decidir o final desta história de um quase amor. 
Toda história tem um final. 
(ou não!)


*se esta história é verídica, só ele e ela sabem.

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