1 de outubro de 2012

Corações vazios

Acredito que uma das maiores virtudes do ser humano é a capacidade de colocar-se no lugar do outro. Infelizmente, percebo que cada vez menos pessoas a possuem. Dói ver a capacidade de alguns em viver suas vidas de forma leviana, sem se importar minimamente com o sentimento dos outros. Egoísmo? Individualismo?
Perceber que o "curtir a vida" é acompanhado de desrespeito, falta de caráter, imaturidade, indiferença... junto com muita bebida, claro... pois assim é mais fácil dizer que a culpa é dela, para tentar justificar seus atos e todas as merdas da sua existência. E assim, vive-se pelos prazeres passageiros... magoando, fazendo sofrer, perdendo amores e amizades, chances e oportunidades de sentimentos verdadeiros. 
Questão de princípios sim!
Uma realidade bem decepcionante que se resume a isso:

12 de setembro de 2012

Retórica da Existência: os tais planos...

Hoje reabri minha agenda no primeiro dia do ano e me deparei com minha lista de PLANOS PARA 2012.
Eu que sempre os fiz, meio que utopicamente... talvez por me conhecer um pouquinho e saber o quanto minha vida, até aqui, foi regada de surpresas capazes de modificar muitos dos planos.
Uma leve ansiedade tomou conta de mim na expectativa de saber quantos deles eu já havia alcançado.
Comecei a lê-los!

Quase como um balde de água fria.
Pasmem... UM PLANO!
UM PLANO QUASE REALIZADO!

E os outros 17?

Impossível!!! (Bem pessimista!)
Nem tão difícil assim... (Mais realista!)
Ainda há tempo! (Totalmente otimista.)

Acho que nenhum dos meus planos foi colocado como prioridade em minha vida, talvez por isso meu pouco esforço em realizá-los. Embora isso também não justifique o fato de ter que viver pensando e realizando apenas prioridades. Não foi exatamente isso que eu quis dizer e nem acho que seja assim que eu leve minha vida.

Mas... o que me faz planejar sem me esforçar para realizar?
Quais as dificuldades que eu mesma coloco em meu caminho que me impedem de realizar meus planos?

Preciso rever a forma de planejar a minha vida.
Prioridades?
Futuro?
Utopias?

Qual é a graça viver sem planos?

Se eu não os tivesse feito, hoje não estaria me fazendo estas perguntas... mesmo que para elas não hajam respostas.

Perguntas retóricas. Ou não...
Coisas da própria retórica da existência...



25 de maio de 2012

As lembranças da vovozinha

O pudim mais doce e amarelinho, era ela quem fazia.
A cuca mais fofa e deliciosa, era naquele forno, daquele quartinho, que ela assva.
O sonho, a goiabada, o mumu e a shimia de uva, que eu mais gostava.
Os palavrões mais engraçados, fleda, flebóide, catefa, cadelão, só ela que dizia.
Lembro quando ela chegava com um esmalte novo, com seu batom marrom ou rosa, seu pó e, claro, o sabonete Alma de Flores. Coisas de vó!
E ela costurava roupinhas para as bonecas, tricotava blusões coloridos, remendava as calças do pai, costurava um lençol novo pra mãe.
Gritava e xingava os gatos do jeito mais engraçado e corria atrás das galinhas, sem nenhum mal.
Quando ia nos visitar, a primeira coisa era comprar linguiça.
E brincava de pegar em meio a risos e gritos das netas que amavam ver a vó correndo e se divertindo.

Lembranças da infância. Da vovozinha. Da alegria do passado.

Uma vaidade e uma vitalidade que aos poucos se foram.

Saber que são coisas da vida não consola, não diminui a dor de ver quem se ama partir.


Vó, obrigada por ter feito parte da minha vida e por este seu jeito e gênio incomparáveis!

Vó Arminda, te amo!

15 de abril de 2012

Distância (s)

Entre a distância física
de dois corpos longes
ponte aérea
milhares de quilômetros
E a distância de quem está perto
emoções solitárias
olhares que não se cruzam
bocas que não se beijam
a distância de um orgulho
da frieza
de corações feridos.
A pior?
A distância que me separa de você.

12 de abril de 2012

Ela

Lá vai ela...
Sonhando acordada
sorrindo gargalhadas
piscando pro moço
cantando desafinada
lembrando o passado
prevendo o futuro
querendo presente
fazendo acontecer
esperando o inesperado.
Lá vai ela...
divagando...
caminhando...
Sozinha!

18 de janeiro de 2012

Pé na bunda

Ontem lembrei de uma frase: "até um pé na bunda te empurra pra frente"
Fiquei por algum tempo matutando sobre ela, acordei com ela na cabeça e continuo pensando o sentido dela.

O tal pé na bunda...
Ô coisa ruim, não achas?
E não falo aqui de um simples "não", que volta e meia você tem que dizer para alguém que está afim de te conhecer e você não quer, ou daquele "não" para alguém que você beijou uma vez e não quer repetir. Falo do pé na bunda doído, aquele que você leva de quem não esperava (ou melhor, esperava outras coisas!)

Confesso que eu acho uma situação nada legal de se passar.
Você leva um pé na bunda do cara que por muitos momentos você imaginou toda aquela história de amor, criou inúmeras expectativas e fez mil planos. E de um dia para o outro, todos aqueles momentos bons que passaram se resumem a decisão dele te querer longe da sua vida. E te dá AQUEEELE pé na bunda... que te faz ir pra um lugar de onde pelos primeiros momentos você parece nunca mais conseguir sair: a fossa.
Quem já não esteve na fossa por causa de um pé na bunda?
Olhando fotos, curtindo música românticas que te faz lembrar o cara, chorando horrores, olhando o celular e o facebook toda hora pra ver se ele resolve voltar atrás, tipo um auto-masoquismo emocional. Será que sou a única a fazer isso?
E então você odeia e ama ele na mesma proporção.
E com a indiferença e insensibilidade dele, você passa a odiar ele a cada dia um pouco mais. E o que mais espera é que logo logo a existência dele seja insignificante, como um mero espectador de uma vida que ele perdeu.

Ah, o pé na bunda e toda a dor que ele provoca.
Aquele baita sentimento de rejeição e inferioridade.
Dói, e como dói!

Eu sempre pensei que nunca iria iludir alguém, porque dói muito quando isto acontece comigo e não desejo aos outros o que não quero para mim.
Tenho certeza que os "nãos" que eu disse causaram muito menos estragos do que os que eu levei.
Mas também tenho certeza que os "nãos" e os "pés na bunda", todos, sem excessão, me permitiram aprender muito e perceber o que eu quero e quem eu quero em minha vida.

Não quero perto de mim pessoas indiferentes, incompreensíveis, insensíveis e superficiais, que acham que a curtição do momento basta.
Tenho dito!
Dispenso.

E sim, acredito que até um pé na bunda te empurra pra frente.
Mas isto você só se dá conta depois quando já estiver lá em frente... depois de tempo... depois de cicatrizado o machucado que todo pé na bunda causa.

Ressalto, pé na bunda dói!

13 de janeiro de 2012

Carta sobre gostar

Um dia ela decidiu: não vou mais gostar de ninguém! (gostar naquele sentido, sabe? Paixão, amor, affair e afins.)
E isto ela decidiu porque já não dava certo a forma que ela sempre gostava de alguém. Gostava sem ser gostada. O gostar dela era sempre cheio de expectativas. E quando maiores as expectativas, maiores as chances de frustrações.
Decidiu não mais gostar porque queria que seu coração esquecesse aquela paixão distante e ficasse limpo, sóbrio e calmo para um dia, dali a muito tempo, poder gostar novamente.
Dois meses sem gostar.
Até que ela gostou de alguém, sem querer.
Por mais que ela não quisesse, o seu maior desejo era gostar e ser gostada na mesma proporção. Com a mesma sinceridade. Com lealdade. Com tudo o que há de bom num gostar compartilhado.
Se jogou neste gostar. Um gostar que vinha de longe, um estrangeiro, que só de pensar acelerava o coração. E ele não tinha nada de muito diferente, tinha somente aquela coisa, entende? Aquela coisa que a gente não consegue explicar, é coisa de encontro, de alma, de toque, de sentir...
Ela resolveu acreditar novamente no gostar. Afinal, pra que fechar o coração?
E neste jogo de gostar de alguém de quem não se tem a certeza da reciprocidade, somente a certeza da incerteza, ela esqueceu que jogo tem um perdedor. Gostar não pode ser e não é um jogo.
Ela foi um brinquedo. Uma peça de um jogo. Ela foi aquela que sobrou depois de tudo. Pedaços.
Pedaços de meias-verdades.
Pedaços despedaçados.
Mas ela sabe que tem coisas que só acontecem com aquelas que acreditam no outro, na possibilidade da entrega sincera e de um gostar sem usar.
Ele, que a fez gostar, quer curtir, não quer gostar.
Ele não tem planos com ela.
Ele foi um engano. Um erro.
Mas ela sabe que com os erros há aprendizagem.
Ela sabe que, apesar das lágrimas e da perda,  o dia de amanhã é incerto e o destino se encarrega de unir e separar as pessoas.
E pra quem tem pureza no coração há algo muito bom reservado no infinito da existência.
Afinal, ela acredita no mecanismo do infinito, "fazendo com que tudo aconteça na hora exata".

E, mais uma vez ela decidiu: não vou mais gostar de ninguém! (gostar naquele sentido, sabe? Paixão, amor, affair e afins)

5 de janeiro de 2012

Gosto não se discute

Gosto de flores e poesia.
Gosto de cartas manuscritas, mensagens bobas e ligações inesperadas.
Gosto de sussuros no ouvido, sorrisos tímidos e olho no olho.
Gosto de cafuné, de dar a mão e de cabeça no ombro.
Gosto de abraço apertado, beijo roubado e cabelo molhado.
Gosto de cama arrumada e do prazer de bagunçar o lençol.
Gosto de deitar e não pensar em nada, de esquecer que o tempo existe, no melhor estilo carpe diem.
Gosto de falar sobre sentimentos e de jogar limpo com o meu e o seu coração.
Gosto de dizer que gosto.
Gosto de ouvir música para dançar, rir, chorar, relembrar, amar e silenciar.
Gosto de admirar o pôr-do-sol, a lua e as noites estreladas. E gosto mais se for na sua companhia.
Gosto de olhar para o céu e descobrir desenhos nas nuvens.
Gosto das cores do entardecer.
Gosto de viver sem pressa. De curtir sem pressa. De beijar sem pressa.
Gosto de atitude.
Gosto do teu cheiro, tua boca, teu jeito de falar.
Gosto quando diz que sente minha falta.
Gosto de bilhetes colados no espelho e de ganhar bombom.
Gosto de romantismo bobo.
Gosto do meu jeito de gostar. (Embora às vezes torto, por quase duvidar que exista um outro alguém com um jeito assim, torto de gostar...)
E disso tudo eu gosto porque ainda não deixei de acreditar.



Nos últimos dias sendo obrigada a concordar com as palavras do líndissimo Caio Fernando Abreu:
"Gosto de pessoas doces, gosto de situações claras; e por tudo isso, ando cada vez mais só."