27 de setembro de 2011

Hora de...

Nesta última semana percebi que algo realmente mudou.
Depois de dois meses passando por um período de mudanças, estranhamentos, reencontros, desencontros e um sentimento muito forte de perda e de saudade, senti que era hora de ultrapassar isso. Era hora de encarar minha nova velha vida, encarar minha nova realidade. Era hora de ressignificar sentimentos e valores e me reencontrar neste lugar que eu me sentia perdida.


Dia 21, dois meses longe de Lisboa. Dois meses de Brasil, de Rio Grande do Sul, de Santa Cruz do Sul, de Vera Cruz, de Vila Progresso, de mãe, pai e irmãs.
Dia 22, num breve papo por mensagem de celular, comuniquei minha amiga portuguesa Vandinha: "Agora tudo vai melhorar. Eu sei que vai. Não nasci pra ficar sofrendo. O mundo me espera." Acho que foi meu primeiro pensamento positivo nestes últimos tempos.
Dia 23, início da primavera, início de um novo ciclo. O pensamento positivo surtiu efeito. Recebi a notícia de que fui selecionada para trabalhar na Ouvidoria do Hospital Santa Cruz, após passar por várias etapas. Esforços recompensados. Fiquei super feliz, pois pressinto muitas aprendizagens.
Dia 24, retornei ao grupo de jovens da minha Igreja Evangélica Luterana do Brasil, que eu sempre participe. Senti paz no coração!
Dia 25, tomei um chimarrão tão gostoso com minhas manas Lovisa e Larissa. E percebi que minhas pequenas cresceram e que temos muito mais coisas parecidas do que nós mesmo imaginamos. 
Dia 26, acordei cedo. Visitei minha tia Noni, minha ex-babá mais que especial. Senti que Vila Progresso florida de orquídeas é muito mais linda. E que parte do meu coração está lá. Coração e raízes. À noite, me deparei com o livro da minha amiga Di, "Por que os homens se apaixonam por mulheres poderosas?" e me identifiquei com coisas que preciso mudar e coisas que já mudei. Amor, sexo, poder. Tanta coisa para aprender. E lembrei de uma frase que disse naquele mesmo dia para a Vandinha: "Meu coração tá fechado pra balanço. Só quero perto de mim pessoas que me fazem bem". E isso, simplesmente, justifica eu querer me afastar de certas pessoas.
Hoje, dia 27, resolvi telefonar para ele, um mineiro especial que balançou meu coração em terras distantes. E que certamente ficou com um pedacinho de mim, apesar de eu ter lhe entregado muito mais que um pedacinho. Quando desliguei o telefone, senti felicidade. Não tive crise de choro, como da outra vez. Felicidade por ter ouvido a voz dele e não chorar. Felicidade por sentir saudade e não sofrer. Felicidade por lembrar dos nossos momentos e ter certeza que eles ficarão lá, guardadinhos na memória e na minha história. Felicidade por, no final da ligação, eu me dar conta de algo que falei e que marca o meu momento atual: "AGORA EU ESTOU BEM!"
E agora é isto: HORA DE ESTAR BEM!

Bom é isso, seguir em frente e ver que os caminhos percorridos valeram a pena. Que ficaram boas lembranças, pegadas e vidas marcadas.



7 de setembro de 2011

Ironias do Destino: História de um quase amor

Era uma uma festa como todas as outras, se não fosse a primeira tragada no cigarro, o porre e aquele cara. Seria um cara normal, como todos os outros até então, se não fosse o olhar cruzado e frase dita: 'eu te conheço de algum lugar!'
Para ela, um desconhecido... para ele, alguém de outra vida.
Com palavras e atitudes, ele a conquistou. Como num conto de fadas, ela foi conquistada.
Ele sabia das palavras certas, das coisas certas, das piadas certas. Ele sabia como agradar uma mulher.
Ela simples, frágil, de peito aberto e coração em chamas, apaixonou-se. Envolveu-se. Não da mesma forma que ele. 
O fogo e o sexo eram os melhores, juntavam aqueles corpos que queimavam em desejo. Ela entregava-se por inteiro. Mas ele, ela não sabia.
Dela, faltou as perguntas, os questionamentos, os esclarecimentos. E sobrou a confiança, o envolvimento e todas aquelas coisas de menina apaixonada. 
Dele, não se sabe o que faltou ou o que sobrou. Dele, não se sabe quase nada. Dele, não se sabe o que foi verdadeiro, o que foi sentido, o que foi tocado.
Ela acreditou que aquilo que vivia ia para além do explicável, que era coisa de outra vida, que tinha encontrado a pessoa com quem sempre sonhou, que tudo o que já tinha ouvido sobre as paixões eram exatamente o que estava sentindo.
Quando ela recebeu aquele e-mail:  'preciso dos teus beijos e do teu abraço com urgência', era como se naquele momento o mundo era apenas os dois e que os minutos insistiam em demorar a passar para que pudessem compartilhar daqueles beijos e abraços pelos quais ele tanto esperava.
As mensagens de saudade, os carinhos, os silêncios, as risadas.
O  bilhete que ela colou no espelho do quarto dele com o verso da música do Nenhum de Nós que marcava o momento e lembrava do show que assistiram juntos:
"Quando te vejo espero teu beijo,
Não sinto vergonha, apenas desejo."
A necessidade de viver o momento, pois ele não cansava de lembrá-la que 'nada é para sempre'. E ela ainda acreditava no 'para sempre' e queria vivê-lo intensamente, já que "o para sempre, sempre acaba".
Para o aniversário dele, um cd com as músicas preferidas, as mais lindas e especiais, que fizeram parte do repertório dos passeios e dias seguintes.
O aniversário que ficou marcado pelas lágrimas e pelas palavras que dele ela ouviu: 'você tem sido muito importante para mim!'
Ela já imaginava o futuro, os dias e meses seguintes, uma vida ao lado daquele que despertou a paixão e os sentimentos mais verdadeiros.
Era tão bom e tão intenso para tão pouco tempo.
Um mês. Outubro.
O exato tempo para se entregar a alguém.
Mais do que um mês, 33 dias. Como no filme Ironias do Amor, assistido na última noite juntos.    Quando ele já não estava junto dela. As ironias do destino e dos 33 dias felizes que viveram. Que viveram? Ou ela viveu?
A partir do 34º dia são apenas dúvidas e incertezas.
Como pode ele decidir sair da vida dela de um dia para o outro? Sem dar nenhum sinal prévio? Deixando um coração despedaçado? 
A música preferida dele parecia expressar toda sua mudança, toda sua retirada, toda sua frieza no mês de novembro.
"Cause nothing lasts forever
And we both know hearts can change
And it's hard to hold a candle
In the cold november rain"


Para ela, é o fim da sua maior paixão. De um quase amor. De uma companhia perfeita.
Para ele, ninguém vai saber. 
Alguém saberia dizer o que houve com ele? Onde ele está? Com quem ele está?
Ele preferiu se afastar totalmente dela... não dando chances para conversas... banindo qualquer tipo de aproximação.
Ela preferiu sofrer sozinha... passar meses e meses chorando e lembrando dele... se entregar à relações erradas e passageiras... buscar alívio onde ela só achava mais sofrimento... fechar seu coração e abrir apenas seu corpo. Ela não o procurou. Ela fez tudo errado. 
Ou talvez tudo certo... afinal, mendigar o sentimento e o amor de alguém nunca fez parte de suas atitudes.
O que ela mais queria era uma última conversa, um último beijo, uma última resposta... ou nada que fosse último. Queria um recomeço, uma chance... qualquer coisa que viesse dele. Menos um adeus.
O tempo passava e parecia que a dor daquele quase amor nunca se curaria. 
Ela resolveu ir embora, mudar de ares, arriscar, recomeçar... em outro lugar, longe daquela pequena cidade.
E antes dela ir, as ironias do destino aparecem... ela verifica um e-mail antigo, não acessado a mais de dois meses, vê uma mensagem dele, daquele mesmo dia. Ela respondeu e houve um encontro.
O encontro para uma conversa, para ele pedir desculpas e tentar explicar o que aconteceu, para ela tentar entender as explicações, para terminarem na mesma cama, para acabar com o sofrimento.
Pronto. Ela podia partir para terras distante. Em paz com seu coração. Com algumas poucas respostas, com muitas outras dúvidas, mas com uma sensação de que tudo tinha se resolvido. E que ele continuava sendo o homem dos sonhos, a pessoa que se ela pudesse, escolheria para passar sua vida ao lado. Tudo e nada tinha mudado.
Mais um reencontro antes da partida. Uma noite fria, mas com muito calor entre os dois. Falaram sobre tudo, menos sobre sentimentos e sobre o passado. Apenas sobre o futuro dela em um lugar distante.
Parecia o fim.
Ela estava lá, longe. 
Viveu a sua melhor e mais intensa experiência de vida até então. Se apaixonou por lugares e por pessoas. Ele não tinha mais espaço em seus pensamentos. 
Quando era hora de voltar, por ironia do destino e por circunstâncias foras do planejado, quem se dispôs à buscá-la no aeroporto foi ele. 
Para ela, ir embora do lugar que a fez tão feliz era motivo de tristeza, mas chegar à sua terra sabendo que quem estaria à esperando era ele só a deixava feliz. A primeira pessoa a encontrá-la. O primeiro 'bem-vinda', a primeira noite, o recomeçar... ele estaria presente no seu recomeçar.
Coração saltitando, palavras engasgadas... o cansaço físico de uma longa viagem que fez-se desaparecer com a expectativa daquele reencontro. E lá estava ele, visivelmente ansioso e sem saber como ela estaria, como ela voltaria, como seria.
O abraço, o beijo, as histórias contadas por ela, o jantar, o vinho, a cama, o aconchego, o bom dia, o almoço, a companhia. Tudo... menos falar sobre sentimentos, sobre o futuro deles,  sobre eles. Novamente, se repetia.
O mais bonito que ela ouviu: 'foi bom te ver!'
Para ela, ele era o cara. 
Ele continuaria sendo para sempre o escolhido.
Para sempre, o homem dos seus sonhos.
Ele parecia o mesmo daquele mês de outubro, onde tudo parecia perfeito (mas não era).
E ela, o que era para ele?
E agora, como seria conviver com este reencontro marcado na memória? Um reencontro tão especial para ela, mas que não tinha deixado nenhuma expectativa ou possibilidade para um próximo?
Esperar o destino agir com suas ironias?
O segundo outubro depois daquele se aproxima... e as lembranças vem à tona. E elas já não podem mais causar sofrimento. É hora de deixar de lado tudo aquilo que não lhe faz bem. É hora de recomeçar. De florir, como a primavera.

Ontem, ela pensou nele.
Hoje, ela decidiu esquecê-lo.
Amanhã, ela não sabe.

Para ela, eu diria:
Nem a vida nem o mundo param para que você se recomponha.
Você precisa aprender a curar suas feridas sem que, com isso, deixe de viver.
Há um mundo à frente dos seus olhos.
Há um mundo à frente dos seus pés e suas mãos.
Há pessoas esperando por você.

Vá.
E deixe que o destino se encarregue, com suas ironias, de decidir o final desta história de um quase amor. 
Toda história tem um final. 
(ou não!)


*se esta história é verídica, só ele e ela sabem.

5 de setembro de 2011

Ombro

O ombro dele, onde repouso minha cabeça para dormir, onde sinto sua respiração sussurrar pertinho de mim, onde cheiro seu perfume inconfundível, onde ouço seu coração a bater, onde seu calor esquenta meus rosto, onde sinto segurança. Onde não penso, apenas sinto...
Quero mais o seu ombro.
Quero mais o seu aconchego.
Quero mais aquilo que passou e aquilo que talvez nunca mais virá.