21 de junho de 2011

Surpresas em Lisboa II

Desta vez preciso falar de Alfama! 

Já estava mais do que na hora de relatar um pouquinho deste lugar mágico, a partir do que eu sei e do que eu vejo.

Alfama é um dos bairros típicos mais antigos de Lisboa. Com ruazinhas estreitas, longas escadarias, construções características, conservadas, e resistentes ao terremoto de 1755, que praticamente devastou Lisboa, era uma zona onde moravam muitos pescadores, afinal, ela fica à beira do Tejo.

É um ponto turísticos, onde vê-se as casas com azulejos e flores na janela, miradouros que dão à vista para o Tejo, tascas com as comidas típicas e petiscos diversos, casas de fados, igrejas, Castelo de São Jorge, o Eléctrico 28 a passar, entre outros "sítios" escondidos em meio àquelas ruelas.


O que me encanta é a simplicidade.
Como diria Caio Fernando Abreu:
"Coisa simples é lindo. E existe muito pouco."

Muito mais do que o olhar turístico,  passar pela Alfama e reparar na simplicidade da vida que se leva ali é muito mais encantador: as senhoras gritando, os velhos jogando carta na praça, o cheiro de sardinha, a cor do azulejo, as cuecas e calcinhas na sacada, os vidros quebrados, os grafites nas paredes, as lojas antigas, modernas e alternativas, as ladeiras e as escadas, as crianças jogando bola, o barulho do Eléctrico, o banco no meio da praça, as viúvas de preto, o fado ao longe, o cheiro da vizinhança, os nomes engraçados das ruas.


Amália Rodrigues já cantava:
"Na Alfama toda a gente
Traz o céu no coração
É feliz por natureza
Ninguém pede mais riqueza
Que saúde, amor e pão!"



E em junho, na festa dos santos populares que, em Lisboa, homenageia Santo Antônio, o padroeiro desta capital, Alfama fica ainda mais linda enfeitada com bandeirolas coloridas e manjericos e cheirando a sardinha.



Se vier à Lisboa, não esqueça de se perder por Alfama!
É o meu simples e sincero conselho.

14 de junho de 2011

"Apenasmente isso"

"Ela gostava de estar com ele, ele gostava de estar com ela. Isso era tudo.
Dormiam juntos, no sonho, porque era bom para um e para outro estarem assim juntos, naquele outro espaço.
Não vinha nada de fora, nem ninguém.
Deitada nua no ombro também nu dele, não havia fatos. Dormiam juntos, apenas.
 Isso era limpo e nítido no sonho que ela sonhou aquela noite.
Deitada no ombro dele, ela via seu rosto muito próximo.
Esse era o sonho, nada mais. (...)
Talvez ele tivesse passado um dos braços em torno da cintura dela, quem sabe ela houvesse deitado uma das mãos sobre o ombro dele, erguendo os dedos até que tocassem no lóculo de sua orelha. Em todos os dias que se seguiram à noite daquele sonho, e foram muitos, honestamente não saberia localizar outros detalhes.
Pois enquanto dormia, naquela noite, tudo era só e apenasmente isso: dormiam juntos."

(Caio Fernando Abreu)



Apenasmente para registrar e relembrar o que me marcou nestes dias que passaram.